Faz-me falta o clarume do dia…

Hoje, dezoito do mês de maio, outono apenas no começo, faltam alguns dias para o inverno, amanheceu um dia cinzento.

Mal se vê além dos edifícios mais altos. Uma bruma densa empapa a visão daqui de cima.

Apenas o cinza se descortina. Um friozinho insistente se mostra do lado de fora da minha janela.

Estamos em pleno outono. Folhas atapetam o chão. Árvores se despem de suas folhas. Flores apenas na primavera.

Daqui do alto a Serra da Bocaina ainda dorme. Daí me pergunto: “serras dormem”?

Ou apenas descansam, para um novo dia acordar de vez.

Decerto alguns bichos afaguem os olhos do cansaço depois de uma noite fria. E logo se vão para caçar outro dia.

Confesso que tais dias nublados me fazem pensar na vida. Talvez pelo cansaço que a escuridão me impinja.

Amo a luz do sol. A azulice do céu. O calor do verão atiça-me a imaginação.

Faz-me falta o afago entre as pessoas. O carinho que elas mostram ao se cruzarem nas ruas.

Hoje elas estão semidesertas. Poucos passantes se deixam ver pelos passeios.

Estamos quase ao final do mês de maio. Logo mais os bancos se abrem. Pessoas desesperadas esperam a sua vez de sacar o dinheiro nos bancos. Que ainda pode não ser desta vez.

Famílias inteiras padecem sob a tal pandemia. Não que estejam enfermas. E sim por não terem onde trabalhar. Fábricas demitem em massa. Lojas não conseguem desovar seus produtos. O país atravessa uma crise sem precedentes. A saúde anda doente. Faltam leitos nos hospitais. Emergencialmente nos grandes centros.

Hoje amanheceu um dia nublado. Mais tarde deve fazer sol. Quem sabe a chuva cai? Na intenção de umidicar o ar impuro que afeta as nossas narinas.

Faz-me falta o despertar do sol. O clarume do dia.

Aqui no prédio os consultórios ainda estão vazios. E hoje é segunda-feira, mais um começo de semana.

Faz-me falta o amontoado de pessoas. A algaravia dos passarinhos cantantes há esta hora madrugada.

Não me adapto a solidão. Gosto da companhia dos iguais. Mesmo com suas diferenças elas me atraem.

Faz-me falta exercitar-me nas academias. Há tempos elas estão fechadas. Em detrimento a nossa saúde elas continuam de portas fechadas. Até quando esta atitude insana deve imperar?

O país perdeu seu prumo. Politiquices abjetas nos fazem pensar em dias piores. Como se ainda fosse possível este estado de coisas se multiplicar.

Faz-me falta a azulice do céu. Faz-me falta ver o sol brilhar.

Faz-me enorme falta ver pessoas felizes. Caminhando soltas pelas ruas. Sem medo de se contaminarem.

Quem sabe de aqui há alguns dias tudo volta ao normal? O cinza vai se transformar em luz. E a felicidade vai retornar.

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