Quem sabe assim mudaria a rotina enfadonha por que temos passado.
Cansei de ouvir falar em crise. Nesta pandemia que assola o mundo inteiro.
Desligando-me do noticiário talvez me mantivesse alheio a tudo de ruim que tem acontecido.
Não sentiria o drama no qual famílias inteiras têm sofrido.
Quem sabe, agindo desta maneira, pudesse ver o mundo sob outro prisma. Menos desigual. Mais fraternal. No qual gerações inteiras pudessem dormir tranquilas. Onde não faltasse o mínimo para que sejam felizes.
Sem me inteirar sobre o que diz o noticiário quem sabe poderia passar um dia mais feliz. Sem temer nada que me pudesse contaminar. E nem ao menos evitar o contato das pessoas. Sejam elas estranhas ou amigas de longa data.
Quem sabe assim pudesse eu não tomar tanto cuidado com o tal vírus que tem se alastrado pelo mundo inteiro. E não precisasse seguir tantas recomendações veiculadas pela mídia que tanto comenta sobre a tal endemia. Parece que tudo se resume nesta novidade. Como se fosse a primeira vez que passamos por enfermidades que assolam o nosso planeta.
Hoje não liguei a televisão. Até agora ignoro o que se passa do lado de fora da minha janela.
Antevejo apenas o brilho do sol. A azulice do céu. O frescume do vento. A beleza do dia que hoje amanheceu.
Bem sei que a realidade ainda é a mesma do dia de ontem. Que a crise ainda persiste. Que o temor da tal endemia nos recomenda que fiquemos em casa. Como se fosse a solução para tantas dificuldades por que temos passado.
Hoje tentei mudar a minha rotina. Deixei meu apartamento a mesma hora de sempre.
Sem ao menos saber das últimas novidades.
Quem sabe, desta maneira, consiga passar um dia imune ao tal vírus que tem ceifado vidas inteiras pelo país afora. E possa contaminar a todos com a esperança de dias melhores.
Até no presente momento não sei o que se passa neste dezoito de março. Sei apenas o que me interessa. Que um dia a crise há de passar. Que a alegria vai prevalecer. Que todos poderão sair as ruas sem medo de serem contaminados. Que o hábito de lavar as mãos a toda hora vai se tornar coisa do passado.
Que os abraços, o contato intimo com nossos iguais, vai voltar a ser como sempre foi. Antes da tal pandemia que tem causado tantos danos a cada um de nós.
Hoje acordei sem ligar a televisão.
Confesso certo enfado com tanta coisa ruim acontecendo.
Quem sabe amanhã, num outro dia qualquer, as coisas se modifiquem.
E não tenha a necessidade de ficar em casa. Assistindo a tantas desgraças.
Agora são seis e cinquenta minutos. De um dia lindo. Rico em sol. Céu azul.
Vou tentar ficar alheio ao que se passa no entorno. Quem sabe assim a vida vai se modificar?
Pelo menos irei tentar. Até quando tal estado de coisas continuar.
Prefiro me alienar. A continuar ficar plugado ao noticiário indigesto que quase me faz vomitar.
