Esses jovens, pobres jovens, ah!, se soubessem o que eu sei

Como tenho observado, nestes anos todos de formado, como os moços de agora mal sabem o que acontece dentro deles.

Ontem mesmo pude comprovar o recém-escrito.

Um rapaz, oriundo de boa escolaridade por aqui passou imerso em dúvidas.

Seu nome era Fernandinho. Dada a sua estatura elevada poder-se-ia perfeitamente aplicar-lhe o aumentativo. O jovem Fernando media, dos calcanhares ao alto da cabeça mais ou menos um metro e noventa e oito.

Ele veio curvado sobre sua coluna envergada pela mocidade. Suas queixas eram várias.

Em primeiro lugar, depois de esperar pacienciosamente que ele se abrisse, gaguejante dele escutei: “doutor, ontem me aconteceu um imprevisto. Sem querer eu brochei”.

Foi quando tentei dele arrancar mais alguma informação que me levasse a causa principal do inglório acontecido. Se por acaso ele estava nervoso ou seria aquela a primeira e única vez.

Fernandinho, sem saber qual a causa da sua brochura, queria um comprimidinho para melhorar sua performance. Evitei prescrever-lhe qualquer Viagra da vida. Ele era muito jovenzinho para tomar tal medicamente reservado a casos especiais.

A seguir, quando o levei a sala de exame fiquei surpreendido com o estado incomum do seu órgão de dupla função.

O pênis do Fernandinho estava invariavelmente encapado. A sua glande nunca viu a luz do sol. Se viu ele não soube dizer.

Até fazê-lo entender que ele deveria operar a sua fimose foi um Deus me ajuda. Fimose era uma doencinha ignorada pela maioria dos jovens. Eles mal sabem o que sei.

Ainda bem que sua mãe estava presenta à consulta. Chamei-a da sala do lado. Ela entrou contra a vontade do filho.

Outros senões ocorriam na vida ainda pouco esclarecida do jovem Fernandinho. Um dos testículos estava atrofiado. Quem sabe uma caxumba na tenra infância tivesse sido a grande responsável pelo estado atrófico de um dos seus órgãos responsáveis pela fertilidade.

A mãe ajudou-me a dirimir a celeuma.

Antes que ambos deixassem a consulta, um tanto mais aliviados com as explicações dadas, combinamos, que no retorno, depois do exame que comprovasse a fertilidade, Fernandinho deveria operar a fimose. Seria uma operação singela. Que não o afastaria por muito tempo das suas atividades laborais.

Outras questões ainda incomodavam a cabecinha efervescente do jovem Fernandinho.

E as tais DSTs? Quais seriam elas?

A gonorreia ainda acontece. Se bem que com outros matizes. Trata-se de uma secreção amarela, que sai com muita dor ao urinar.

Outros tipos de uretrites existem. São as de cores mais brandas. E pouco sintomáticas.

Hoje em dia, uma das mais prevalentes é a tal crista de galo, ou condiloma acuminato. Aparece sob a forma de uma ou mais verrugas, com aspecto de couve-flor, em qualquer parte da região genital. Em linguagem médica recebe o nome de Hpv. A fimose é uma das grandes responsáveis pelo seu aparecimento. Dada a higiene precária. E outros fatores mais.

A candidíase acontece invariavelmente no verão. Trata-se de um fungo, de nome Cândida Albicans, que provoca coceira e vermelhidão da glande. Não se trata de uma DST propriamente dita. Pois não obrigatoriamente se contamina através de uma relação sexual.

Fernandinho e a mãe me agradeceram pelas explicações. Saíram um tanto mais aliviados. E me afirmaram que oportunamente iria resolver tais situações.

Esses moços, desavisados moços, ah!, se soubessem o que eu sei. Procurariam de imediato um especialista. Antes que o mal cresça e surjam coisas piores.

 

 

 

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