Aos mestres com carinho

Ainda me lembro da minha primeira professora.

Naqueles tempos a gente entrava na escola mais tarde. Não tão cedo como acontece nos dias de agora.

Aos cinco anos completos fui matriculado no jardim da infância. Era chamado de Narizinho Arrebitado. Pertinho da casa onde morei. Já se passaram tantos anos que nem me lembro mais. Mal sabia ler. Escrever, então, nem meus dedinhos conseguiam segurar o lápis.

O nome da minha mestra era dona Vitória Lembi. Uma senhora austera que o tempo não me fez esquecê-la.

A seguir, já no primeiro ano primário, outra educadora passou a ser a grande norteadora dos meus passos inseguros. Seu nome era Dona Beliza Paiva Romeiro. A ela devo grande parte do que sou hoje. Ainda me lembro de quando fui fazer uma visita a esta grande personagem da minha história. Dona Beliza não mais enxergava. Mesmo assim, quando ela ouviu a minha voz, do outro lado, emocionado, pensei ter escutado: “Paulinho, com que prazer recebo a sua visita”. A ela dediquei uma crônica em sua homenagem. Faz tantos anos que nem me lembro mais qual foi ela.

Em ordem, a terceira personagem responsável pela minha formação profissional foi a querida dona Vandinha. Ela ainda vive. E continua na sua trilha pelos campos da educação. No mesmo colégio de antão.

Mais tarde, naquela mesma escola cujo uniforme ainda é verde e branco, outras mestras me passaram pelas lembranças. Perdoem-se se declino o nome de algumas delas. Foram ilustres personagens da minha infância. Grandes responsáveis por aquilo que me tornei.

Hoje, quinze do mês de outubro, comemora-se o dia do professor. Daí a minha grande responsabilidade de reverenciar-lhes a data.

Podem dizer que eles são maus pagos. Que recebem salários vis. Que têm de suportar crianças mal educadas. Sujeitos a chuvas e trovoadas. Mesmo assim, caso fossemos perguntar a alguns deles se apreciam a arte de ensinar por certo responderiam, com um sorriso nos olhos: “mesmo sujeitos a tudo isso, caso mudássemos de profissão, seríamos infelizes. Pois amamos o que fazemos. Ensinar é tudo que desejamos. Mesmo neste país onde um professor ganha infinitamente menos que um vereador. Bem menos que um deputado ou senador”.

A gente vive, transformamo-nos em médicos, engenheiros, economistas, e outras profissões díspares, por honra e glória dos professores. Sem eles, sem a sua participação essencial, o que seria da gente? Simples iletrados partícipes de uma sociedade inculta.

Nossos mandatários precisam entender a missão essencial do professor. E dar a eles condições de exercer suas nobres artes. Sem precisar se desdobrar em horas seguidas de trabalho diuturno. Estendo suas jornadas de trabalho em mais escolas. Para conseguir sustentar suas famílias condignamente.

Sem eles nosso futuro seria sombrio. Sem a menor condição de seguir adiante. Em nossa jornada pelos anos que nos esperam.

Aos mestres o meu carinho. O meu respeito.

Neste dia quinze de outubro, e noutros dias, recebam o meu abraço fraterno. Por tudo que tem feito por nós.

Em memória de Dona Beliza, dona Vitória, e tantas outros que fizeram de mim o que sou, a minha eterna gratidão. Hoje, ontem e sempre. A todos os professores a minha saudação neste dia quinze. Que o futuro lhes seja tão alvissareiro como foi o meu passado. Junto a vocês, meus mestres, o meu carinho de um aluno que não esquece tudo que recebi de vocês, ontem, hoje, e sempre.

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