De repente fez-se a luz

Como tem chovido neste começo de primavera.

O céu mostra-se cinzento. O azul do céu esconde-se entre nuvens escuras.

As chuvas costumam começar de agora a um mês. Novembro em verdade marca o começo das chuvas.

As jabuticabas já estão maduras. Um barro grudento atrapalha a vida do homem da roça. Ele tem de levar o leite até em cima do morro. Já que o caminhão leiteiro não consegue ir lá em baixo. E acaba atolando as rodas na tentativa malograda de descer ao curral.

Foram duas semanas inteiras de chuvas que caíram copiosamente.

Zé da Antônia passou maus bocados naquela semana quando a água descia do céu sem dar tréguas durante sete dias. A luz do dia não se podia ver. Era uma cinzentice só.

Já às cinco da manhã, quando Zé da Antônia acordava, abria a janela, e nada via senão o céu emburrado. Nuvens ameaçadoras se mostravam no alto. Indício inequívoco de que mais chuva cairia no decorrer do dia.

Naquela manhã de quinta-feira amanheceu um dia lindo. Depois de uma chuva mansa, que caíra durante a noite toda, fez-se o sol.

O dia amanheceu sorridente. Isso contribuiu para alegrar o sorriso do pobre Zé. Que estava cansado de tanta chuvarada.

Na roça a chuva se torna necessária. Mas desde que se alterne com períodos de sol. Para que o bom homem do campo possa arar a terra. Nela inserir sementes. Para, que no tempo certo, nasçam pezinhos de milho. Que logo se converterão numa roça produtiva. Alimento para a vacada sempre faminta.

Naquela manhã de primavera fez-se a luz. Um solzinho tímido fazia carícias naquela terra molhada. E era o suficiente para alegrar a face tostada pelo sol daquela gente acostumada e estoica, que tem as mãos caludas e o coração cheio de amor aos bichos. Que dali não sai a não ser para a sepultura.

Naquela manhã de uma quinta-feira, meados de outubro, fez-se o sol. E foi o suficiente para que o valente Zé da dona Antônia deixasse a cama numa disposição impar.

Por certo aquele dia, com o sol iluminado a terra, seria um dia maravilhoso. Depois de uma noite chuvosa nada melhor que um solzinho tímido para que os pezinhos de milho crescessem em direção ao alto.

De repente fez-se a luz. Algumas nuvens ainda persistiam. Podia até chover no decorrer do dia.

Mas nada que interferisse no bom humor do afável Zé. Que acordou sorridente naquela manhã de primavera.

A semana havia sido banhada de chuvas torrenciais. O céu sempre escuro. Nuvens ameaçadoras tapavam a boca do sol.

De repente fez-se a luz. Uma luzinha tímida. Foi neste ambiente acolhedor que acordou o Zé da dona Antônia. Depois de uma noite de amor. Abraçado às estrelas.

Deixe uma resposta