Por que não?

Indagações sempre fizeram parte do meu eu.

Por que seria que a terra gira no seu eixo imaginário? Isso dizia meus professores.

E eu, ainda inocente, embora traquinas, logo vinha com outra pergunta: “se a terra é redonda, por que razão a gente quando viaja, não cai do outro lado da terra, já que deve existir um buraco profundo onde fica o fim do mundo”?

E a resposta ficava sem resposta. Já que a aula continuava. E eu, mais uma vez levantava a mão, sequioso de saber tudo que me passava pela cabeça.

O porquê dos porqueres sempre me atiçou a imaginação.

Por que razão alguns nascem com tudo que precisam. Conquanto outros vivem a margem da sociedade, mendigando migalhas, passando necessidades.

Tantos porqueres ainda me assaltam a imaginação. Por que razão o sol brilha forte e a chuva não cai. Justamente quando mais precisamos dela. Nestes tempos difíceis que estamos vivendo. Observando de longe o secume do tempo. Queimadas alastrarem-se por todo o país.

Outros porqueres ainda se somam aos demais.

Por que algumas crianças nascem sadias. Enquanto outras despontam no mundo carregadas de defeitos vindas de berço. Não seria uma injustiça com aqueles desafortunados pais? Ou apenas são desígnios inexplicáveis de Deus?

Por que seria que a gente vive a vida inteira correndo atrás do sucesso e não o alcança. E outros se cansam de viver nababescamente. Podres de ricos e infelizes na alma.

Por que tanta gente clama de descontente. E outros vivem sorrindo sem motivo aparente.

Por que seria que a felicidade apenas se mostra em sua metade. E outros vivem chorando a falta de oportunidade em filas imensas procurando emprego.

Por que razão algumas pessoas são desajeitadas. E outras encantam as passarelas e ganham fortunas só de exibir a silhueta adelgaçada.

Por que motivo a maioria da população brasileira não se sente a vontade vivendo a cata de trabalho. Já que outros ganham verdadeiras fortunas, enriquecem indevidamente, locupletando-se em roubalheiras que aviltam a nossa dignidade.

Por que tanta disparidade neste país tão lindo? Não seria melhor que todos nós tivéssemos iguais chances de sermos felizes, as mesmas oportunidades de emprego, as mesmas condições de trabalho.

Por que razão muitos dormem ao relento. Nestes dias quentes de inverno. A mercê da inclemência do tempo. Sob a chuva que cai. Ou até mesmo sob o frio do inverno.

Por que seria que a alegria é prerrogativa dos felizes. E muitos nem sabem sorrir. Preocupados com o porvir.

Por que razão a sensibilidade não se estende a todos. E alguns pobres coitados, embriagados, são pisoteados como párias sociais que não deveriam ser. No entanto são.

Por que motivo muitas famílias passam necessidade. Conquanto outras vivem desfrutando as benesses de salários vultosos. Não seria melhor que todos fossemos iguais?

Por que razão não se fala em compaixão. E as redes sociais, tão em moda nos tempos atuais, por vezes noticiam calamidades. Quando no entanto se tratam apenas de Fake News?

Por que seria que a agonia de ver uma criança sofrendo uma doença grave nos faz pensar na vida. Não seria melhor que a saúde fosse privilégio da maioria. E as doenças banidas de nosso mundo desigual?

São tantos porqueres. Tantas interrogações. Que, por não saber a resposta ficam aqui minhas dúvidas. Elas não serão dirimidas. Talvez, um dia, quem sabe?

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