Por que não falar de flores? Vamos mudar de assunto

O assunto do dia a dia são apenas maldizeres.

Tragédias, mortes, acidentes, crise, desemprego, corrupção e coisas afins.

Parece que notícias boas são fatos não mais acontecidos por onde quer que se vá.

Tragédias acendem a imaginação das pessoas. Mortes, então, logo são veiculadas em jornais. Principalmente se for a morte de uma pessoa famosa, como se todos nós não merecêssemos as primeiras páginas, se tornam a bola da vez em conversas. Mas logo são esquecidas tempos depois. Pois logo outro acidente enluta a nação. E passa a ocupar as prosas nos bancos de jardins, nas praças, e nas esquinas deste nosso país.

Nunca assisti a um acontecimento cultural se tornar o tema central de um noticioso de jornal. Por exemplo: “o Brasil mudou radicalmente. Os estudantes daquela escola de periferia ganharam o primeiro prêmio de dissertação. Graças aquele texto bem escrito. Sobre as flores que encimam meu dito. Sobre a natureza em festa, nestes tempos de festas juninas, que tem começo no mês entrante.”

Notícias alvissareiras não despertam a curiosidade de nossa gente. No máximo estampam as últimas páginas da mídia. Sedenta de sangue e falcatruas.

Coisas boas, fatos alegres, festas juninas, via de regra passam em branco. A não ser que a fogueira das vaidades brilhe mais que a mesma fogueira acesa para alegrar a festa. Que logo se apaga deixando brasas vivas ao derredor.

De tempos pra cá tenho evitado assistir a televisão. Nela apenas são noticiados fatos que enxovalham o brilho da nação. Acidentes, prisões, politiquices, assaltos, parece que são as únicas coisas que acontecem por aqui.

Filmes são de minha predileção.

O que nossos filhos irão herdar? E nossos netos então? Crianças que não se depreendem do celular são agora a nova geração.

Pra onde foi a inocência dos verdes anos? Onde estarão escondidas as velhas brincadeiras de criança? Parece que elas foram banidas dos costumes. Que mudaram tanto. Que não tem a mínima chance de voltar atrás.

Hoje acordei pensando nas flores. Azaleias, petúnias, margaridas azuis.

Prometo não ligar a televisão. Nem ao menos a noite a hora de dormir. Talvez assim, pensando apenas em flores, tudo de ruim não volte a acontecer. É hora de mudar o assunto. De voltar aos tempos de antigamente. Quando podíamos brincar nas ruas a salvo das roubalheiras dos tempos modernos.

O dia de hoje nasceu nevoento. De repente abriu-se o sol. Ainda faz calor. Logo mais deve despontar o frio.

Quem sou eu para mudar o rumo das coisas? Elas são como são. E sempre serão.

Mas, de vez em quando falar de flores, por que não?

Que tal ler uma poesia de vez em quando? Ou se deliciar com um bom livro?

Bem sei que a televisão vicia. Péssima companhia para passar o tempo. Experimente dormir ao som de boas letras. Elas não apenas silenciam os nossos pensamentos. Bem como nos instruem. E nos aculturam.

Hoje vou tentar mudar de vida. Ao invés de assistir a televisão darei seguimento a um novo livro. Ele vai falar de flores. E nada mais.

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