Apesar do arco-íris a chuva não se desgrudou de minhalma

Agora, por volta das sete da noite, minutos antes, na linha do horizonte todas as cores do arco-íris se desenharam.

Consigo identificá-las quase todas. O amarelo, o verde esmaecido, o azul empedernido, e outros tons pra mim, aqui de longe, de tanto conspurcados a cor do céu cinzento, tornam-se não sabidas pelos meus olhos inquiridores.

Arco-íris, arco da velha, é um fenômeno ótico meteorológico que separa a luz do sol em seu espectro contínuo quando ele brilha sobre gotas de chuva. É uma ilusão de ótica.

Acima das suas cores lindas nuvens cinzas se formam prenunciando a chuva. Outras brancas são vistas ao lado das escuras. Mais ao alto o azul predomina, tacanhamente.

Quando o arco da velha se deixa ver para mim, e para outros, trata-se de um espetáculo grandiloquente. Não há como não se inspirar poeticamente à sua luz intensa. Uma verdadeira aquarela multicor.

Diz o anedotário popular que, quando o arco de várias cores se forma quase certo a chuva nos dá trégua. Uma estiagem é prevista no ar.

E como preciso dela para terminar minha casa na roça! A estrada está intransitável. Nada consegue vencer o morro agudo. Onde carros atolam. Onde um trator valente, apenas ele, consegue vencer o barro grudento ali derramado por uma prefeitura irresponsável. Que, ao final do ano não tem força ativa para convencer os funcionários encarregados de fazerem seu serviço de vital utilidade para transportar o leite do curral até o caminhão leiteiro.

E toda a produção corre o risco de azedar.

Conquanto a beleza das cores do arco- íris se formam, logo se desfazem, quando eu poderia estar alegre, feliz, pela beleza da tarde noite, dentro de mim uma súbita amargura se desenha. Em contraste com as cores do belo arco íris que agora há pouco percebi.

Não sei bem o porquê de me sentir assim. Simplesmente fiquei melancólico.

Lá, bem distante, na linha do horizonte, apenas um pezinho do velho arco íris de permite ver. Em claro vislumbro a cor amarela esverdeada. A vermelha, a lilás, não consigo sequer imaginá-las.

Mais acima o cinza se deixa ver em sua plenitude máxima. Devem cair pingos de chuva durante a noite. Tomara o amanhã, segunda, véspera quase do meu aniversário, cai na quinta, sete, o sol volte a brilhar.

Esta minha súbita tristeza não se explica. Talvez por uma singela razão. Não a que esteja próximo a mais anos. Esteja ficando mais idoso. Ou talvez por causa do domingo que fecha os olhos de cansado.

Apesar da presença do arco-íris ser indício de fim das chuvas, de, tão belo fenômeno iluminado ser motivo de encanto e felicidade, eu não me sinto assim…

A chuva ainda cai. Agora dentro de minhalma acabrunhada.

 

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