Sempre tive cá comigo a importância de ter um celular.
Antes não tinha nenhuma simpatia por aquele telefoninho andejo. De mil e uma utilidades tal e qual Bombril. Mas agora, nessa hora, desde quando ele foi criado. Bem criado tenho dito.
Não me desgrudo delezinho. Antes tinha uma verdadeira ojeriza pelos telefones fixos. Os quais me acordavam em pleno sono. Tilintavam do hospital. E uma zelosa enfermeira me chamava meio assustada: “doutor. Sabe aquele paciente impaciente. O seu Manoel. Operado na tarde de ontem de próstata. Ele se levantou durante a noite. A sonda que usava entupiu. Já tentei de tudo e não consegui desentupi-la. O senhor pode dar um pulinho até aqui?”
E eu ia, pensando como seria boa a vida sem os tais chamadores inconvenientes. E a conta que pagava para usar os tais telefones não eram tão camaradas assim.
Convenhamos. Os celulares vieram em boa hora. Eles fazem parte de nossa vida com incontáveis funções. Tanto pode fazer uma boa fotografia. Como ligam a nossa pessoa querida. Mas cuidado para que nossa cara metade não use de maneira indevida. Se ela descobriu uma ligação suspeita Deus nos acuda. “Quem é essa sirigaita para quem você ligou? Não diga que foi para sua tia, pois sei que ela morreu”.
E até a gente encontrar uma explicação condizente adeus nosso cartão de crédito. A conta a ser paga no final do mês vai ser mais que salgada.
Já tive bons momentos em tempos idos. Ainda me lembro com saudades daquela vez que andava naquela linda pracinha. Ali trabalhava um lambe lambe. Um senhor de maior idade que era fotógrafo nas horas vagas. A sua máquina fotográfica fazia milagres. E era baratinho posar pra ele em trajes domingueiros. Com aquele paletozinho mal ajambrado bem maior que nosso tamainho. Com aquela camisa branca meio encardida suspensa por um suspensório herdado de nosso avozinho. A fotografia era de um amarelo amanhecido numa cerração de fazer cegar os olhos. Mas ficava lindona. Eu tenho uma entre meus guardados.
No dia de trás anteontem descobri uma velha fotografia. Ela me foi presenteada por minha dileta esposa amada. A tenho aqui comigo. Inclusive já a postei no facebook.
Disse minha querida prima de Varginha que essa fotografia foi feita por ocasião das bodas de ouro dos nossos avós Abreus.
Da esquerda pra direita pude identificar. Meu primo João, filho primeiro do tio Zito e da tia Sila. Zé Carlos também Abreu. Filho maior do tio Bento e da tia Chiquinha. Euzinho lourinho ao lado de minha querida mãezinha Rute. Ela, toda elegante ao lado da tia Liquinha, irmã mais nova do meu pai. De pé, engravatado num terno azul celeste o saudoso Paulo José de Abreu. A tia Liquinha assentada ao lado de minha mãe com uma das filhas no colo. O seu marido Zé do Haical, como era chamado quando aqui trabalhava na loja do Zé (José Elias de Oliveira seu nome exato). Assentados, lado a lado, meus avós Alberto de Abreu e vó Maria. Que celebravam bodas de ouro naquele dia. Com uma das primas ao pé. Não pude idenficar qual seria. Acima meu querido tio Albertinho. O qual foi o derradeiro tio Abreu que sobreviveu até pouco tempo atrás. O primo Haroldo que partiu prematuramente. Filho único do tio Chico, o galante Xu, como era conhecido por aqui. Casado com outra tia querida de nome Lulu.
De pé, trazendo uma prima pra mim desconhecida qual seria no colo, o saudoso tio Chico também Abreu. Ao lado dele o tio Bento. Um mascate que não tinha parança. Que se mudou para o Paraná e não mais voltou. Sua esposa estava assentada logo abaixo. Com uma das filhas ao lado. Se não me falha a memória seu nome era dona Chiquinha. Culminando a fotografia ficavam tio Zito Abreu, sua esposa tia Sila com um bebê no colo, que deve ser a Maria Alice. Mais três mulheres se mostravam na velha fotografia. Devem ser filhas do tio Bento e da tia Chiquinha.
Bem me lembro de todos eles. São parentes que me são muito caros. Suas lembranças persistem dentro de mim até nos dias de hoje. Graças a velhas fotografias.