A doída realidade da saudade que me cavouca por dentro

Como definir saudade?

Essa palavra que quase não se identifica em outros idiomas.

Pra mim bem própria desse sentimento que se chama sensibilidade.

Que não respeita idade. Que se aproveita da gente naqueles instantes quando a ausência de uma pessoa querida se manifesta. Ou se perde na multidão.

E a tal saudade vem. Sem se deixar perceber.

Como esse ano que passou. Pra mim deixou boas recordações desses dias vividos. Entre tantos anos que se perderam na estrada da minha vida. Foram tantos. Entre eles conto com mais de setenta. Quatro a mais.

Sinto saudade de tantas coisas. Dos anos bons em que vivi naquela mesma rua tantas vezes citada em textos passados. Como me faz lembrar o passado. Embora tente viver o presente. Já que o futuro é incerto. E nem tento saber até quando irei adiante.

Saudade me faz lembrar de fatos pretéritos. Quando, num natal passado, já morando naquela casa, a espera da chegada de um Papai Noel em quem depositava muitas crenças, e ele não veio. Naquela noite chorei. Mas meu querido pai me disse, para atenuar o meu sofrer, que o bom velinho por certo teve o seu trenó de renas atolado numa nevasca. E não pôde chegar há tempo de me presentear com aquela bicicletinha de rodinhas amarelas que eu tanto almejava.

Saudades me cavoucam por dentro quando me lembro de quando minha pequena jornalista tomava o busão na rodoviária. E nós, mesmo sabendo que de novo ela voltaria, não segurávamos nossas lágrimas à sua partida.

Saudades me cortejam sempre. Pois em mim esse sentimento aflora à luz da pele. Provocando dentro de mim um turbilhão de sentimentos. Uma enchente caudalosa de emoções irrefreáveis.

E como dói sentir saudade. Não uma dor como se espeta uma agulha em nosso dedo. Trata-se de uma dor diferente. Uma dor que não fere e nem sangra. É uma dor doida como a partida de alguém que a gente ama.

Entramos em ano novo. O velho ficou pra trás.

Já digo sentir saudade do ano que se foi. Foram tantos dias. Tantas horas passadas. Tantas alegrias perdidas entre tantas tristezas que foram embora.

Sinto uma dor alegre de alguns momentos. Entre eles cito o nascimento de meus netos.

Primeiro cito o Theo. Depois veio o Gael. Para a seguir acontecer o nascer do Dom.

E a saudade continua a martelar-me por dentro. Não tenho como escapar desse sentimento.

A saudade me acompanha sempre.

Bem sei que saudade é um sentimento melancólico devido ao afastamento de alguém que a gente gosta. O até mesmo de uma experiência prazerosa que a gente passou. Dizem que se trata de uma sensação ruim. Mas nem sempre é assim.

A saudade, na minha concepção. Está intimamente unida à emoção. Ao desprendimento. Ao sofrer sem saber a razão.

Mas não consigo viver sem senti-la. Ela, a tal saudade, me faz reviver velhos anos. Velhos amigos. Meus pais e aparentados.

Se disser que saudade não dói minto. Ela machuca de verdade. Fere sem sangrar por fora. Como sangra por dentro.

Estamos entrando num novo ano. O velho passou como nós passaremos algum dia.

Mas a saudade fica. Não grudada dentro da gente como uma tatuagem de hena. Que se desfaz ao contato com água.

Sou pleno de saudade e nostalgia. Sou puro sentimento.

Desejo a todos vocês um ano novo repleto não apenas de saudade. Como, da mesma forma cheio de bons momentos. Que dois mil e vinte e quatro seja um ano bom. E se por ventura coisas ruins acontecerem renegue-as. E vivam esses dias que nos contemplam felizes se não para sempre. Pelo menos possam desfrutá-los junto aos entes queridos na maior harmonia.

Dentro de mim a saudade ainda me cavouca. Mas oxalá dentro do meu cerne nasça a esperança em dias melhores. Aqui dentro. Em nosso amado Brasil e mundo afora impere a paz e a harmonia entre os povos. Assim desejo de coração. Enfim.

 

 

 

 

 

 

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