De desencantos e desilusões ela acabou leguminando

Legumes e verduras são ótimos para manter o peso.

Amo cenouras. Não faço pouco caso das vermelhinhas beterrabas. Adoro a combustão a vermelhidão dos tomates maduros. Fatiados e azeitados, com uma pitadinha de sal, como amo degustá-los um a um. Já as alfaces repolhudas. Ditas americanas com elas converso em inglês. E pelos chuchus em ponto de serem inseridos numa salada colorida pela amarelice das cenourinhas. Pela vermelhidão qual e tal sangue rutilante que percorre nossas veias e artérias tenho por todos eles verdadeira paixão.

Um dia, não tão distante da data de hoje, uma menina bonita, sempre usando um par de lentes nos seus olhinhos negros como as noites escuras, me disse em zap: “o amor faz a gente querer desistir dele todos os dias. O amor romântico com o tempo vai se tornando dispendioso e aí a gente transcende a solteridão e passa a ser sozinho. A vida já dá trabalho demais. Já os outros tipos de amores dão mais frutos e exigem menos. São menos egoístas. Agora, no momento, estou in love com meu pé de chuchu que acabou de fornecer quatro dos bons”.

Acabei por aceitar, em parte, esta declaração de amor ao chuchu.

E aquela menina, de olhos negros como piche, leitora assídua dos meus escritos, boa de venda, embora não use seus olhos lindos vendados, ao me enviar esta mensagem pelo celular, depois de trocarmos amenidades. Digo a ela: “não se desiluda tanto minha garota. A vida é plena de encantamentos. Ontem a gente acorda pensando numa coisa. E esta mesma cousa acaba por se metamorfosear de lagarta feiosa numa linda borboleta multicor. Que esvoaça de flor em flor para morrer tão prematuramente. Mas esta mesma borboleta esvoaçante tem a sua função na natureza. Ela ajuda, como a operosa abelha, a transportar o polem das flores a sua congênere. Aí que reside a beleza do que percebemos. Seja nas entrelinhas do que escrevo. Seja nas páginas em branco que uso tanto para deixar escritas as minhas crônicas. Que seja nos meus olhos que se debruçam a olhar os seus. Na admiração que nutro por sua figura que transpira alegria mesmo no sofrer. Quisera ser estes quatro chuchus que você ainda vai colher no seus chuchuzal. Que não só oferece sombra as minhoquinhas que se abrigarem na terra úmida e ensombrada. Sempre sob seus olhares vigilantes que não somente descobrem o belo assim como o não tanto. Meninazinha sempre de par de óculos a esconderem a doçura doce de seus olhares. Não se desencante com os amores perdidos. Outro amor irás encontrar em sua doce vida ainda curta demais para desiludir-se. Concordo que tu nutres esse tipo de amor por um verde chuchu. Mas como gostaria de me transformar em um chuchuzal enorme. Para que tu, ao se levantar desnuda, pela manhã quente deste verão em que nos encontramos, encontre a mim. Este homem que não se desilude nunca. Pois eu acredito num amor distinto. Daquele que sentimos por uma pessoa de outro sexo ou do mesmo que fomos nascidos. Minha cara pessoa. Talvez teu nome se grafe Brisa. Tu foste motivo de outro escrito dias antes. Deixo, nesta crônica que sei tu lerás, mais cedo ou mais tardiamente, na tua loja de lentes. E me desculpe por essa mistura de tempos díspares. Ora uso você e de vez em quanto uso tu ou ti. Não se desencante com o amor. Dias existem que ele se veste de negro noite escura. Em outros ele se desnuda. Se por acaso de um descaso tu vieres a se apaixonar por um reles chuchu. Que sejam quatro. Recorde-se que eu estou aqui a me lembrar de ti ou tu. Um enorme enlace em tua cintura fina. E que esse enlace se acompanhe de um beijo doce adocicado com açúcar mascavo para não macular a sua beleza pura”.

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