Não lhe joguem aos ombros culpa maior que ele não tem

Desde menino, quando incorria em um pecadilho, menorzinho, por exemplo, cabular aulas naqueles dias frios de inverno, era repreendido pelos meus pais.

E era posto de castigo numa cadeira dura. Num lugar escuro. Impedido de assistir aos desenhos animados, aqueles que mais apreciava, ou de ir brincar com os amiguinhos na rua, do lado de fora da minha casa.

Para sair daquele logradouro por mim evitado usava de um artificio. “Minha mãe. Por favor, me dá leite. Estou com fome. E prometo não repetir a arte”.

Cresci tentando evitar que novamente fosse reprendido. Pois muitas vezes não era eu o responsável por esta ou aquela pequena contravenção.

Por fim, quando me fiz adulto, velho ainda não me tenho, quando alguns de meus netinhos faz alguma traquinagem assumo o risco. E volto a ser o garotinho peralta que por vezes assentava naquela cadeira dura. E de lá saia com a carinha mais lambida do mundo. Como se fosse um anjinho de asas quebradas. Um querubim de carinha rosada. Um santinho de pau oco. Como aqueles vistos no sacrário de uma igreja qualquer.

Aprendi, com o desenrolar dos anos, que não se deve jogar aos ombros culpa maior que não temos.

Pois somos seres falhos. Sujeitos a toda sorte de senões.

Estamos passando por tempos difíceis. Tudo nos cheira a crise. As mortes continuam a rondar em todas as partes.

A cada dia são anunciadas perdas. Famílias inteiras choram seus mortos. Cemitérios quase não têm mais espaço para sepultamentos.

Ainda mais, se não bastasse tamanho sofrimento, ainda faltam vacinas. Por todo lado pessoas esperam avidamente o fim desta pandemia.

O comércio ressente-se da falta de compradores. Consultórios esvaziados. O desemprego nunca foi tão alarmante.

Como se não bastasse tamanho sofrimento, temos assistido, pela mídia sedenta de sangue, a um facínora evadir-se constantemente. E ele tem feito a policia de gato e sapato furado na sola.

A quem atribuir a culpa? Ao vírus que parece ter vindo da China? A esta doença que não tem fim nem começo?

Pensando de cabeça fria, neste inverno que tem começo, voltando há anos atrás, quando era menino, e fazia alguma arte, e mais tarde descobria-se a minha inocência, logo minha saudosa mãe dizia: “não lhe joguem aos ombros culpa maior que ele não tem”.

Trasladando para os tempos de agora, nestes tempos difíceis que estamos atravessando, com tantas mortes sendo anunciadas.  Tanta crise se instalando. Tantas portas se fechando. A quem atribuir a culpa?

Pensem de cabeça fria. Alguém saberia dizer de quem é a culpa?

Apesar de a mídia querer imputar a culpa a uma única pessoa, por favor, não culpem apenas o nosso presidente. Ele pode ser um boquirroto. Um falastrão. Mas dizer que ele é um homicida, já é demais. Será que o pobre esta mancomunado com o facínora de Goiás?

Cada povo tem o governo que merece. Não lhe jogue aos ombros culpa maior que ele não tem.

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