Quem sabe um dia…

As indefinições sempre fizeram parte da minha vida.

Quando vai ser. O que será. De que maneira há de ser.

Desde menino, nascido há exatos setenta anos, bem vividos, pensava eu, com meus pensamentos, o que vai ser de mim, mais tarde, quando atingir certa idade, por certo bem menos que os meus setenta.

Sei que passarei pela infância. Jovem me tornarei. Adulto um dia serei. Idoso, nem de longe imaginaria quantos anos atingiria.

E hoje, passando por tudo isso, reconto os anos, somam-se a eles os desenganos. E os momentos de felicidade foram com certeza maiores. Daí a minha esperança em dias melhores. Que estes atribulados em que estamos vivendo.

Quem sabe um dia, quando passar esta pandemia, poderemos andar pelas ruas sem medo de nada. Quem sabe neste mágico instante, quando não mais teremos de andar mascarados, poderemos estreitar os laços de pura amizade, distribuindo abraços e afagos carinhosos mesmo a desconhecidos.

Quem sabe, depois de passarmos por estes momentos insanos, de puro medo, nos será permitido voltarmos ao consumismo de dantes, sem nos preocuparmos com a crise que se manifesta por todas as partes.

Quem sabe um dia, tão lindo como o de hoje, poderemos voltar a caminhar pelas ruas, agora semivazias, com a mesma desenvoltura de outrora, sem o receio de sermos contaminados pela tal pandemia.

Quem sabe noutro dia, que não demore muito, de novo poderemos conviver com amigos, desaconselhados a usar máscaras, de cara limpa.

Quem sabe, num futuro perto, de novo voltaremos a entrar nas lojas, sem as restrições de agora, sem termos de enfrentar filas à porta de bancos, a espera de receber migalhas ditas auxílios emergenciais.

Quem sabe de hoje a alguns dias apenas, não mais assistiremos pelo noticiário apenas noticias ruins, óbitos, estatísticas referentes a tal virose, e sim sinais indeléveis de tudo que passou foram apenas sonhos ruins.

Quem sabe de agora em diante, não mais seremos obrigados a manter distâncias seguras, como se as outra doenças não mais existissem.

Quem sabe um dia, que este dia não se alongue demasiado, seremos capazes de dormir sossegados, e acordar noutro dia livres da tal pandemia.

Quem sabe, num futuro perto, tudo que estamos vivendo sejam apenas instantes fugazes, e nunca mais voltaremos a enfrentar tal estado de calamidade.

Quem sabe, é o que espero, de coração aberto, que tudo vai passar.

Que a alegria volte a contaminar os lares brasileiros. Que as crianças possam voltar a brincar nos parques. Que as restrições de liberdade seja abolidas em todas as partes. Que a felicidade seja compartilhada por todos. Que os abraços sejam estreitos como os laços de amizade.

Que este dia não tarde muito. Que ele retorne dentro em breve.

Quem sabe quando? Eu nem de longe desejo que tudo isso persista por muito tempo mais.

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