Aproxima-se o Natal

Enfim dezembro. Quase.

Mais um ano que termina.

E eu, dentro dos meus pensamentos, recheado de sentimentos, penso mais uma vez no dia do Natal.

Como apreciava aquele dia vinte e quatro de dezembro. Não dormia. Ficava de olhinhos abertos antevendo a linda árvore armada na sala de visitas. Tinha em torno de quatro aninhos.

Acreditava piamente no bom velhinho. Que ele vinha montado num trenó puxado por renas aladas. E, dentro da minha fértil imaginação, imaginava como um senhor, um tanto obeso, podia entrar pela chaminé. E não entalava naquele caminho estreito.

Deixava a cama cedinho. E, antes que meus pais acordassem pulava da cama sem ao menos escovar os dentes, e ia veloz como um raio a ver as caixas enfeitadas por laços depositadas debaixo daquela linda árvore enfeitada de bolas coloridas.

Aos cinco anos ganhei de presente uma bicicletinha de rodinhas. Não sabia como me equilibrar naquele brinquedo lindo. Foi preciso que meu pai me amparasse na primeira viagem. Em pouco tempo lá ia eu sozinho pelo passeio. Um tombinho ou outro acontecia sem que me fizesse desistir de andar de bicicleta. Em pouco tempo tornei-me um experto. Até hoje me recordo daqueles tempos bons. Que infelizmente não voltam mais.

Outros natais vieram. E eu crescia.

Uma vez adulto perdi o interesse pelo Natal. Tornei-me o Papai Noel dos meus filhos.

Uma vez ancião, embora ainda não me sinta, voltei a tomar gosto pelo Natal.

Refiz a velha árvore. Montei-a em outra sala de visitas.

Acontece que meus filhos me presentearam com netos. Foram os melhores presentes que ganhei até hoje.

Neste mês de novembro, que escorre rápido, a linda árvore foi montada debaixo da janela da sala de visitas. Meus netinhos não desgrudavam os olhinhos daquela linda árvore. O maior deles até me ajudou a colocar os enfeites natalinos.

Foi quando me reportei ao Natal de antigamente. Voltei a ser menino.

Já hoje, quando olho aquela casa onde cresci, me fiz gente, lá não moram mais meus pais.

A velha árvore de Natal mudou de endereço. Eu também mudei. Cresci, envelheci.

Aquela bicicletinha de rodinhas mudou de mão. Outra, mais moderna, foi dada de presente ao meu neto mais velho. Já que os outros dois ainda não têm idade para andar de bicicleta.

Já hoje, Papai Noel transformado, não mais acredito em um trenó puxado por renas vindo do Polo Norte.

O Natal se aproxima. E eu, mais e mais descrente, quanto mais o Natal chega perto, fecho os olhos, e imagino por onde anda aquele menino.

 

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