A resposta a tenho na ponta dos dedos

Nem todas as perguntas têm a devida resposta.

Muitas delas extrapolam a sabedoria humana.

E nem mesmo o Google saberia dizer o que vai acontecer-me no minuto seguinte as essas doze horas e quarenta e seis minutos dessa tarde de cinco de junho. Se eu nem mesmo sei.

E o porquê de tantos porqueres tem me atazanado desde quando, pela vez primeira, abri incredulamente meus olhinhos assustado menino ao me ver do lado de fora do útero fecundo de minha mãe Rute.

E as respostas dadas às indagações tantas que me são levantadas dias cedo ou mais tardar ao desfazer dos raios de sol de um dia morto.

Em criança era um perguntão enxerido.

Por que fessora? A senhora ensinou na aula da semana passada que o sol nasce na linha do horizonte e não a lua? E a mesma lua nova quantos anos ela tem? Se ela é nova não deve ter mais de doze anos. E caso a lua for minguante? Ela vai minguar devagarinho até se reduzir a um tamainho de uma fatia de queijo em sua mínima parte?

E eram despejados na cara da professora tantas questões que ela mal tentava elucidar-me tantas interrogações. Muitas delas eram feitas sem nenhum propósito senão fazer bonito frente as coleguinhas de classe. Umazinha em especial. Que assentava-se a uma cadeira ao lado da minha. A qual dava cola na intenção escondida que ela me desse um beijinho. Às escondidas ao ladinho do parque de diversões. Pena que nossa idade era do tamainho de asinhas de beija flores.  E não passava daquele beijinho inocente nos dois lados de nossas faces que se ruborizavam todinhas só de pensar no que iriam falar nossos mestres ou nossos zelosos pais.

Já nos dias de agora. Quando  aquele meninozinho caxias deixou anos atras sua inocência no olvido do esquecimento.  E agora me fiz doutor escritor.

De tantas publicações de livros impressos. Mesmo sabedor que a internet quase sepulta com uma pá de cal tais edições. Ainda me atrevo a publicar mais de vinte desse dinossauros escritos. Um amontoado de letras perfiladas que mais parece uma montanha intransponível  mesmo aos olhos mais perscrutadores.

Antes era um a cada ano. Agora essa conta escasseou.

Mesmo assim considero-me um atrevido. Desembolsando quantias imensuráveis para os vis mortais. Já que  cada livro impresso custa aos meus bolsos já vazios de dinheiro não de inspiração uma bagatela que quase chega a trinta reais.

E alguém por acaso a mim indaga: “ pra que escrever tanto se poucos perdem tempo lendo? Pra que publicar tantos livros se eles nunca irão lhe dar renda? No máximo empata o toma lá e recebe cá? Por que? Sem acento ou com no e final”?

E a resposta não vem de supetão.

Ela é pensada e repensada. Em poucas palavras não posso responder a essa interrogação. Mas…

Desde o dia quando meu pai morreu. Naquela noite triste velando seu corpo inerme na sala de visitas de nossa morada que não mais existe. Dela só restam escombros e lembranças carinhosas mesmo que tardias. Desde então não parei mais de escrever. A primeira crônica escrita no dia seguinte ao seu passamento tem como título: “réquiem a um pai sem limites”.

E ela termina assim: “você, meu pai. não teve em vida seu merecido descanso. Nunca foi de fato um aposentado. Ao final de uma carreira no banco teve início uma outra com igual tenacidade e desvelo. Viveu sempre pela família ou por aqueles que por sua competência ou dedicação o procuravam. Agora que não pertence mais a este mundo tenho a certeza de que lá em cima continua sua luta incansável pelos mais humildes procurando sempre viver em função dos mais necessitados, pois sempre foi esta a sua sina. Meu pai, até um dia…”

Se por acaso me perguntarem qual o meu ganho com tamanho atrevimento. Esse de editar livros fora da minha especialidade médica.

A resposta a tenho na ponta dos dedos.

Pelo simples prazer de escrever e disseminar cultura pelos quatro cantos dessa cidade citada por Assis Châteaubriant como um dos berços da cultura brasileira. Ou cidade dos ipês e das escolas.

Ao que a mim mesmo interrogo: “será”?

 

 

 

 

 

 

 

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