Essa verdade, que um dia iremos, está mais que comprovada.
Num futuro, ainda bem que ignorado, partiremos dessa vida rumo a um lugar desconhecido.
Que seja em verdade o paraíso. Um lugar aonde nem os pássaros chegam. Em seus vôos lépidos ou não tão rápidos. Aproveitando as correntes de ar como os urubus. Ou até mesmo farfalhando asas como os beija-flores. Encantando-nos com suas lindas cores.
Que esse lugar, ainda não agendada a hora, seja protelada, sine die.
Mas quem somos nós, em nossa insignificância terrena, seres por vezes desprovidos de sentimentos, para predizermos quando iremos nos despedir desse mundo tão lindo e vilipendiado. Agredido diuturnamente com queimadas, destruição do meio ambiente. Devastação de matas intencionalmente. Quase exterminando a fauna. Pondo a flora em risco iminente de ser reduzida a pó.
Rios no presente momento escorrem em direção ao mar. Mas quem pode dizer. Com a natureza agredida do jeito que está. Até quando vamos poder nos banhar e olhar com nossos olhos extasiados de tanta beleza as ondas do amar se debruçando nas praias. Os peixinhos serelepes tentando escapar dos anzóis. Baleias e golfinhos nadando entre eles como se fossem amigos.
Somos a única espécie dita pensante nesse mundão obra de um ser superior. Mas quem pode afirmar se isso é verdade? Se em verdade somos, por que razão por vezes destruímos tanto? Viramos a cara a quem mais precisa? Maltratamos pessoas que mal conhecemos? Espalhamos inverdades pensando ser superiores a mentiras?
Foi ontem o acontecido. Estava em retorno de um banco onde tenho depositado a totalidade dos meus rendimentos. Foi aquela casa bancária que meu saudoso pai gerenciou.
Um prestimoso funcionário me ensinou como pagar a conta do meu cartão de crédito no aplicativo do banco que leva o nome de nosso país.
De volta pra casa passei, a passos lentos, pela linda praça central de minha amada Lavras.
Era por volta das cinco da tarde.
Assentado a um banco deparei-me com um amigo de mais idade.
Ele se fazia acompanhar de outro senhor.
Ambos olhavam velhas fotografias em preto e branco. Eram fotos de pessoas que já não moram por aqui.
Parei um cadinho para falar com eles. Não tinha pressa. Já estava bem próximo do meu apartamento.
Ali permaneci uma penca de minutos. Não foram horas como meu amigo idoso já estava admirando as tais fotografias. Eram muitas delas. Um álbum quase inteiro.
Entre tantos fotografados constavam amigos velhos já falecidos. Mais de uma centena deles.
Depois de um passarinhar d´olhos naquelas velhas fotografias. Mal conseguindo identificar um ou outro. Já que a maior parte. Ou a totalidade deles já havia falecido.
Meu velho amigo, de maior idade, olhou-me com seus olhos rasos de saudade e me disse: “como me sinto só. Quase não me resta ninguém para conversar. Todos meus velhos amigos já morreram. Só falta eu”.
Essa dura realidade me faz pensar na vida que levamos. Viva bem o presente. Não se olvide do passado. Muito menos se preocupe com o que está por vir.
Abrace. Ame. Ajude sempre. Sorria mesmo nas adversidades. Dance sempre mesmo que suas pernas claudiquem.
E não se sinta como um traste inútil embora pensem que seu tempo já passou.
Aquele meu amigo idoso. Que observava velhas fotografias. Que me disse, laconicamente: “só falta eu”. Perdido entre lembranças dos velhos tempos, ainda vive.
Assim como não pretendo viver eternamente. Satisfaço-me com o que me diz o presente. Viva simplesmente e deixe os outros viverem em paz.