Mais alguns meses vamos ter de votar novamente.
Embora aqui o voto seja obrigatório, na minha idade, felizmente, ele se torna facultativo.
Mas até na presente data nunca deixei de dar meu voto aquele candidato de minha preferência. Fui voto vencido em algumas vezes. Mas se perdi não me arrependi. Já que sempre cri que mesmo que os melhores não vençam me convenço, num futuro alvissareiro, desde que nós, brasileiros, desacostumarmo-nos a trocar nosso voto por sacos de cimento ou coisa de mais valia. Já pensei em trocar meu voto por livros de minha autoria. Mas nenhum candidato. Por mais iletrado que fosse. Confidenciou-me, ao pé da orelha. Que nunca, jamais, havia lido um só livrinho. Na sua infância acostumou-se a ler apenas álbuns de figurinhas de jogadores de futebol. Até hoje mal sabe ler. A exemplo de nosso presidente que alardeia nunca ter passado do primeiro degrau da educação. Mola mestra fundamental para nosso pais sair desse estado lastimável em que se encontra.
Quem ainda não trocou seu voto por cachos de banana madurinha não sabe o sabor adocicado de tal frutinha.
Quem ainda não se deu por vencido. E não deu ouvido a pesquisas de intenção de votos por certo perdeu.
Quem ainda não se convenceu que nem sempre iremos ganhar um dia vai se convencer que nem sempre o melhor vence a disputa.
Quem ainda não se vendeu por algumas notas graúdas de outra vez aprenda a escolher quem vai lhe pagar mais.
Quem ainda não votou tem de justificar sua falta sob pena de perder os direitos do cidadão.
Quem se omite de dar sua opinião pode ser taxado de omisso. Ficar em cima do muro corre-se o risco de cair no chão duro de cimento.
Quem pensa ser o melhor aquele. Cuidado com a cara mostrada nalguns santinhos. Ela pode ser falsa como uma nota de trezentos reais. Que ainda não foi feita. Mas, devido à desvalorização de nossa moeda em pouco tempo ela vai ser mostrada numa carteira vazia.
Quem ainda pensa que uma boa escolha deve ser importante repense em quem votar. Não se deixe enganar por falsos profetas. Eles dizem que o apocalipse está prestes a chegar. E o fim do mundo vai acontecer ao final desse ano. Mas eles todos são enganadores da consciência alheia. Da mesma forma que certos candidatos. Que prometem mundos e fundos. Vivem apertando mãos. Tomando cafezinhos em lares humílimos onde nunca mais voltam a não ser na próxima eleição se não eleitos.
Naquela comarca. Onde a população se resumia em apenas alguns votantes. O número de eleitores não passava de mais de mil e um.
Naquela convenção partidária na qual compareci. Atendendo a uma intimação de um conhecido candidato.
Naquele logradouro apinhado de gente. A rua estava interrompida. A sala aonde iriam se reunir pessoas mal cabia um terço. Um calor semelhante ao das praias em pleno verão dos trópicos. Fui um dos observadores daquela convenção tumultuada e repleta de gente.
Era um amontoado de candidatos. Todos pleiteando aquele emprego que paga mais que dezenas de plantões de médicos que passam a noite em claro mesmo em noites escuras.
Estava aberta a temporada de caça aos votos.
A população de votantes daquela comunidade não passava de mais de mil como dito antes.
Ali estavam ajuntados mais da metade dos cidadãos daquela comarca. Contei nos dedos cerca de quinhentos.
Sai perguntando a esmo: “você é candidato? E você? Pretende ser”?
Ao final da pesquisa constatei que cerca de novena por cento deles gostaria de ser edil. Trocando em números mais de quinhentos.
Antes de ir embora acabei meu questionamento ao perguntar: “quem não é”?
Nenhures levantou a mão.
E não é que o senhor Nenhures foi o mais votado? Elevando meu conceito que nem sempre o melhor vence o pleito.