Baforando-me as lembranças

Hoje me veio à cabeça fumar um puro havano. Cachimbo desde quando cheguei da Espanha de vez em quando levo à boca. Não sei tragar. Nunca fumei cigarro de papel. Maconha só quando em Madrid tentei, mas nem efeito me trouxe. Dizem que marijuana é o trampolim para drogas maiores. Não sei dizer. Nem desejo saber.

Hoje, andando pelo calçadão lindo de Aruba, caminhando lentamente, minha amada Rosa me fez presente de um charuto de boa marca. Não era dos mais caros. Como o que o líder cubano enterrado usava para dele tirar baforadas de um fumo puro. Numa tabacaria de aqui me disseram qual a qualidade que Fidel Castro usava. Mas não me recordo qual era. Não importa.

Fumando meu cigarro charuto me vieram às lembranças passagens da minha infância. Mais antigas que as dos tempos de Espanha. Quando em Madri residia.

Boa Esperança me viu ver o mundo com olhos de criança. Doce infância.

Aliás, fazendo um parêntesis, como o mundo anda de pás viradas. Violência, assaltos a luz do dia, estupros, corrupção desmedida. Em muitas partes do mundo. Aqui creio em menor escala.

Foi quando pensei, ao ver crianças brincando na piscina, que daqui se avista, vazia de meninos, encontrei, afinal, penso eu, a solução mágica para mudar o mundo.

E se neste mundo lindo em que vivemos apenas vivessem meninos? Seria por certo um mundo melhor. Neste mundo maravilhoso apenas se ouviriam folquedos. Risos, brincadeiras infantis. Criancas não fazem e nem pensam coisas ruins. A exemplo cito meu Theo neném.

Soltando baforadas no meu puro não me enxerguei menino em Boa Esperança. Que saudades dos tempos de antão…

Apenas em fotografias amarelecidas pelos anos me senti criança de novo. Vestindo um terninho azul marinho. Feito com o mesmo tecido do terno do meu avô Rodartino.

Era lourinho como hoje é o Theo. Por certo fazia diabruras como ele faz.

Pena que os anos passaram. E eu, de criança artiosa passei a adulto responsável. A velho ainda em forma. Uma só qualidade ainda não me vestia agora. Não sabia escrever como hoje sei.

Em poucos anos apenas as baforadas dos anos vão passar. Como a fumaça do meu puro passou. Inda pouco. Há coisa de alguns minutos meu puro apagou. Apenas ficaram registrados aqueles momentos nas fotografias do meu celular.

Ah!, se eu pudesse, naqueles halos de fumaça que deixei pra trás, voltar aos verdes anos da minha infância.

Pegar carona na fumaça expelida pelo meu charuto, tem gente que acha fedorenta a fumaça. Eu não acho fedorento o meu passado puro.

De pouco apaguei meu charuto. Penso não acendê-lo de novo. Pena que não possa acender novamente o meu passado.  Como seria bom se pudesse de novo.

Voltar aos tempos de menino. E que menino sapeca era eu.

Já que não posso voltar ao passado, verossímil verdade, já que de pouco apaguei meu puro, que tal retroceder baforadas adentro?  Pegar carona na fumaça do meu charuto. E voltar garboso menino aos velhos tempos de antanho.

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